terça-feira, 30 de dezembro de 2014

e para o ano novo, o primeiro "te amo, mamãe"

ela estava ali em cima da cama estapeando o gato por esporte, como sempre faz quando está com sono e não aceita simplesmente recostar-se e adormecer. enquanto isso a mãe corria contra o tempo para para arrumar as malas e sair logo evitando o trânsito. a avó viu a cena e não gostou:

- Dora, não faça isso com a Chuchu, ela é nossa gatinha querida.
- ...

a avó insistiu:

-  pobrezinha da Chuchu. não fazemos isso com que a gente gosta. te amo, Chuchu. te amo. te amo. te amo...

ao que a cria responde:

- Ti uamu, mamãe!
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Será feliz, este 2015. 

sábado, 27 de dezembro de 2014

breves notas do dia a dia: sobre o desfralde.

você acordou - mais uma vez! - com a fralda seca. sugeri que fosse fazer xixi no vaso, em troca, eu leria para você o livro d"O Sapo e a Sopa" enquanto você estivesse sentada.
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xixi feito. 

livro lido - duas vezes.
digo que agora é hora de dar tchau pro xixi.
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- tchau xixi! - dizemos em coro. e você completa - tchau pum!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Era para ser sobre o Natal, mas eu não consegui Let it Go...

Este texto era para ser sobre o Natal. Sobre como a vida inteira eu torci para que a data passasse bem rápido e que logo chegasse o carnaval, mas também como depois da Dora eu continuei torcendo pro Carnaval chegar logo passei a refletir sobre essa época do ano e como ela influencia o meu comportamento no resto do ano. Mas não, este texto será sobre "As Princesas", "Peppa Pig" e cia.



Oi?



Explico: hoje eu descobri que minha filha de 20 meses sabe quem é a Anna do Frozen(apesar de chamar as duas irmãs pelo mesmo nome) e, mais chocante ainda, eu presenciei minha cria se sacudindo dançando e cantando lérigou lérigou. 1 ano e 8 meses, gente.



É conhecida a lei do cuspe na cara que rege a maternidade: tudo aquilo que você condena e diz que nunca faria antes de ter filhos, será feito quando sua hora chegar. É o famoso cuspir pra cima... Toda mãe já cuspiu e já tomou seu cuspe na cara. Estes são relatos reais de mães que cuspiram pra cima...

Pois então, a maior cusparada que tomei até agora - e sei que serão muitas ainda, cada vez maiores - foi d"As Princesas". Há umas semanas atrás, Dora apontou no copo de uma amiga e exclamou “pixesa!”. Respirei fundo. Essa coisa de personagem mexe comigo. Fosse pra escolher uma “luta da maternidade” eu diria que luto contra os personagens e seus produtos licenciados dentro da minha casa.



Mas eu juro que a minha luta não é pessoal contra "As Princesas", tampouco pretendo maldizer a "Galinha Pintadinha" ou ter algo contra a "Peppa Pig". [pausa para a opinião pessoal: as princesas são chatas, a Peppa é mala sem alça e Galinha Pintadinha uma farsante que plagiou tudo quanto é cantiga popular da vida...] A minha saga contra os personagens surge a partir do momento que, em nossa sociedade demasiadamente consumista e materialista, Ariel e companhia não são apenas personagens que participam um momento de entretenimento entre tantos outros da vida da criança, sem algum cuidado ou orientação para reflexão, elas se tornam referências na vida da criança! A menina não quer assistir o filme tosco da Moranguinho no Jardim Encantado, ela quer ser a Moranguinho. E para isso ela só vai querer a mochila/camisola/caneca/sandália/etc da marca. Sim, é uma marca. Todas essas personagens são. E nem vou entrar aqui na discussão de como essas figuras geralmente reafirmam estereótipos sexistas.

Por enquanto, continuaremos não consumindo esse tipo de produto dentro de casa - o que em si, já configura uma batalha diária, dado que a grande maioria dos produtos direcionados a crianças estampam nele a cara de algum super-herói (se o presente for pra um menino) ou uma princesa (se você quer algo de menina). Enquanto der, eu evito. E, pros que não estão afim da discussão mais profunda sobre educação, digo apenas que, além de tudo, acho muito sem graça ter tudo com a mesma cara/estampa/cor. O mundo é rico e interessante demais pra perder a vida dormindo em roupa de cama da Cinderela.




E me lembrem de voltar pra falar sobre como eu odeio rosa/lilás.

sábado, 20 de dezembro de 2014

cadê?

a fase dos porquês é famosa. lá pelo 4o ano (ou antes?) da criança ela passa por um momento insaciável de querer saber o porquê de tudo. ela tem algumas variações. lá em casa lembro que meu irmão repetia infinitos "mas como assim?" o-tem-po-to-do. era irritante uma gracinha!


é interessante que o adulto entenda esse momento, não minimize a curiosidade da criança e tente, na medida do possível, responder aos seus questionamentos. lembrando que na vida tudo passa, essa fase irritante encantadora também. eu, naturalmente prepotente, sempre me achei muito paciente e me considerando a "tia legal que responde tudo".

mas aí eu fui mãe, né? e daí que a cria da gente aparece, antes de completar dois anos, com uma nova variação dessa fase. por aqui chegaram os  porquês cadês.

acontece mais ou menos assim:

acabamos de sair de algum lugar, qualquer que seja. ela começa perguntando sobre alguém que ficou no lugar e de quem ela não se despediu (pq a pessoa dá tchau, mas ela não responde).

- cadê vovó?
- cadê vovô?
- cadê gato?
- cadê Nice? (nossa auxiliar aqui em casa)
- cadê Helena? (amiguinha)
- cadê mamãe da Helena? (título autoexplicativo)
- cadê moço? (qualquer pessoa com quem ela tenha cismado no metrô/no ônibus/na rua/na chuva/na fazenda/numa casinha de sapê)
- cadê (insira aqui um sujeito de sua escolha)? 

eu, após responder o mesmo cadê três ou quatro vezes, desisto e devolvo a pergunta:

- cadê, Dora, cadê vovó/vovô/gato/Nice/Helena/mamãe da Helena/moço!?

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

carta a Dora.

Minha filha,

 pode parecer clichê, mas você chegou numa linda manhã ensolarada de outono. Mesmo sendo ainda o início da estação, o dia do teu nascimento foi um típico outonal, com aquela iluminação que nos faz sentir abençoados por viver um dia tão encantador. Apesar de saber exatamente como estava o dia em que você chegou ao mundo, eu não o vi. Você chegou e eu já estava desde muito cedo dentro da maternidade e, após o nosso encontro, não tive olhos para mais nada. Então eu, que sempre fui dessas que sabe exatamente o que se passa no mundo em datas especiais para mim, não sei te dizer a principal manchete do 28 de março de 2013. Sinto muito, meu bem, mas minha manchete naquele dia – e em todos os outros que vieram depois dele – era você. Mas, voltando, sim, eu sei que o dia estava especialmente ensolarado e iluminado, mas não lá fora. O sol que brilhava aquele dia era o meu, a belíssima iluminação dos dias de outono eram os meus olhos encontrando você. Que encontro maravilhoso, meu amor. Não vou mentir, eu sabia sim, que seria especial. Mas jamais imaginaria a proporção deste amor. Posso sentir ainda os sinais do meu corpo anunciando o nosso encontro. Quero poder nunca esquecer essas sensações. Trazer-te ao mundo foi o que de mais especial aconteceu comigo. Nasci junto contigo. Nasci mãe.

 Me orgulho da forma como você veio ao mundo. Me orgulho das escolhas que fiz para você até agora. Saiba que nada que vem daqui é automático ou proveniente de algum dos inúmeros manuais e passo-a-passos disponíveis por aí. Sua mãe busca muito o melhor para você, e para ela também. Leio, pesquiso, pergunto, reflito e, mais do que isso tudo junto, eu sinto. Um sentir diferente. Um sentir de mãe mesmo. Como senti, desde o início, que você seria um maravilhoso presente na minha vida (também daí vem o teu nome. Dora significa presente, você sabia?).  Sentir a maternidade e seguir meu instinto em relação a você foi o que de melhor pude fazer por nós duas. Se um dia você decidir ser mãe, minha filha, confie em você e tudo ficará bem. Como tem ficado para nós.

 O dia do seu aniversário é para te parabenizar, mas sua mãe só pode te agradecer. Obrigada, meu amor, pelo sorriso que você dá todas as manhãs; pelo aconchego que você busca no meu colo; pelo olhar puro quando está mamando; pelos gritinhos de felicidade; pela cantoria quando você está lutando, prestes a pegar no sono; por se desmanchar no meu colo quando ele te vence. Obrigada por me dar a chance de ser tão feliz contigo. Pela força que nasceu em mim junto contigo. Você gostaria muito de me conhecer antes da sua chegada, mas mulher que veio em mim junto contigo é muito mais fantástica. Essa mulher tem uma força que nunca poderia imaginar; tem orgulho de cada momento vivido contigo e muita energia para buscar ser o melhor exemplo de mulher que uma garotinha pode ter. Vivo para isso, minha flor.

 Este não foi apenas o teu primeiro ano, foi o nosso primeiro ano. Obrigada. E que venham todos os outros da sua vida. Que ela seja repleta de sonhos, desafios, sorrisos, dias de sol, dias de chuva, amigos, amores, flores... Que sua vida seja bem vivida, minha filha. E que você possa sempre contar com a sua mãe, para que eu possa retribuir, ainda que só um pouquinho, a benção que foi sua chegada a minha vida.

Te amo, sempre.

Mamãe.