segunda-feira, 28 de março de 2016

pro seu terceiro aniversário.

"Quando me chamou, eu vim
Quando dei por mim, tava aqui
Quando lhe achei, me perdi
Quando vi você, me apaixonei..."


passei semanas cantarolando essa música após o seu nascimento, há três anos atrás. sua chegada foi um chamado, que sei lá de onde veio, mas não existia possibilidade de dizer que não. antes dele passei anos refletindo a possibilidade da maternidade - as vezes tendo certeza de que queria ser mãe, outras certa de que não. e aí que num susto - ao menos no plano material -, descobri você aqui dentro.

é meio querer explicar o inexplicável, mas a sensação é essa mesmo: de que quando me dei conta você já estava sendo gerada aqui dentro. e enquanto tentava entender a gestação... aproveitá-la... pesquisar sobre tudo... mudar de casa... arrumar seu quarto... montar enxoval... seguir conselhos... dormir... pisquei e... quando me dei conta você já estava aqui. e eu já não era mais eu. e logo que você nasceu eu também ainda não era a sua mãe. quem eu era? sem que eu pudesse me dar conta do quão rápido o tempo passava, eu nascia mãe e você foi brotando esse pézinho de sorrisos e vontades. bebê que acordava sorridente, que nunca quis dormir, que 'falava' o tempo todo, não parava por nenhum momento. 

lembro-me de forçar minha imaginação tentando prever como seriam tuas feições quando você se tornasse uma menina e perdesse os traços de bebê. esforço sem sucesso. desistia e voltava a babar meu bebê. e me apaixonava e reapaixonava a cada uma dessas viagens no tempo.

dessas viagens, começo a fazê-las mais para o passado do que pro futuro. apesar da ansiedade em te ver crescendo, acho que já aprendi que não vale o esforço de tentar adivinhar, a realidade será sempre muito mais fascinante. hoje vejo na menina que acordou ao meu lado aquele bebê que ontem mesmo dormiu comigo.

você acorda - na maioria das vezes - já sorrindo, mas, em vez de bater suas perninhas de felicidade como fazia aos 3 meses, agora senta na cama me observando para logo em seguida voltar a deitar aninhada no meu corpo. ficamos ali até que você levanta impaciente anunciando que 'agora vamos lá tomar café'.

você segue sem poder ouvir a frase 'vamos dormir'. geralmente protesta com um 'eu não vou dormir nada!', um 'mas não quero dormir hoje!' ou argumenta que 'ainda vamos...' e inventa uma série de atividades inadiáveis para prolongar o antes-de-dormir. apesar de não ser meu momento preferido contigo, ainda prefiro essa hora de dormir com a menina-argumentadora do que com o bebê-choroso.

aliás, quanta argumentação pode caber numa menininha que beira os 3 anos? o bebê-falante virou uma menina-mais-falante-ainda. 'vou pisar na poça, pois estou de galochas'. 'não preciso de ficar na sombra puquê já passei filtro e estou de chapéu'. 'vou de vestido e short pra pracinha para não machucar meu bumbum'. 'meus pés estão cansados, quero colo'. 'me empresta seu celular? eu te empresto um brinquedo'. 'quando eu crescer vou poder sair sozinha'. é o preço que pago por criar filha pra ser questionadora. preço que pago feliz.

e não, você ainda não para por um segundo. mesmo quando está cansada, com sono, está a mil. correndo. pulando. cantando. brincando. falando pelos cotovelos. e isso é exaustivo - pra mim, claro, pra você não parece fazer diferença. eu rio sozinha quando alguém comenta 'ela não para, né?'. não, não para. mas você é assim. você sempre foi assim. teu tempo parece correr mais rápido do que o do resto do mundo.

dia desses você admitiu pra mim: 'mamãe, eu gosto de fazer as pessoas rir, pra elas ficarem felizes'. sorri pra você e transbordei de orgulho dessa menininha-bacana - como você gosta de dizer que é - que está crescendo junto comigo.

que sorte a minha que você veio.
que sorte a minha que estamos aqui juntas.

feliz aniversário, Dora.

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