sexta-feira, 20 de maio de 2016

a falta da cara amassada.

recentemente voltei a trabalhar. na verdade mudei o esquema de trabalho, pq de verdade mesmo eu nunca parei de trabalhar, nem quando ela era mt bebê. toda a vida da minha filha de 3 anos e 2 meses foi comigo trabalhando de casa ou com curtos períodos de intenso trabalho fora dela. agora eu saio antes da cria acordar e vou buscá-la na escola logo após o trabalho.

eu estava preparada pra sentir o corpo reclamando de sair da cama com o dia ainda por amanhecer. eu estava preparada pro corpo reclamar de comer fora todo dia. eu estava preparada pra amar/odiar o trabalho. eu não estava preparada para morrer de saudades da minha filha.

vejam bem, ela tem 3 anos. dorme na casa do pai dela desde os 18m. desde o ano passado está numa creche maravilhosa em período integral. é criança feliz e independente. então não é que de uma hora pra outra nós duas estejamos passando muito mais tempo separadas do que costumávamos passar. não é que ela esteja sofrendo, eu tô! tá... eu tô um pouquinho, mas dá licença de fazer um drama pq o texto é meu e o blog também.

ela tá bem.

na roda do esquemão, para que eu consiga sair pra trabalhar bem cedo, entrou o papai, a vovó e o vovô com participações maiores e a ilustríssima contribuição do dindo, que sai do caminho dele pra buscar a afilhada em casa e levar na creche antes de ir ele mesmo pro trabalho. mamãe trabalha feliz podendo contar com rede de apoio. criança estreita laços com cuidadores que ela ama e que amam ela. todo mundo ganha.
mas a mãe tá lá com aquele aperto no peito.
não é aperto terrível. não é tristeza. é uma saudade roxa. uma 'melancoliazinha' chata de não ver mais diariamente a cara amassada dela quando acorda. é uma culpamaterna esquisita de estar amando o trabalho e todo o universo que o envolve. é a surpresa de estar sentindo tudo isso sendo que não tenho mais um bebê em casa...
mas aí cai a ficha de que tô saindo de casa sem ver a carinha amassada dela pra fazer algo que tô amando fazer. e mais além, penso que o melhor exemplo que minha filha pode ter é o de uma mãe feliz na maternidade, mas tb de mulher realizada com o que faz. daí o aperto afrouxa, a melancolia dá um tempo e o final de semana chega pra matar a saudade.
pq cabem muito mais mulheres aqui dentro do que só ser mãe da Dora.